segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O Fracasso escolar e a Medicalização de Crianças na Escola

              Segundo o artigo: Medicalization of Children and Adolescents, “Medicalização é entendida como o processo de transformação de problemas sociais e institucionais - dificuldades de escolarização - em problemas individuais e em distúrbios orgânicos.”

            Na prática o que se tem visto hoje é que muitas vezes, é o fracasso escolar ser associado à problemas de ordem psicológica ou física do educando. Ou seja, se transfere a culpa pelos maus resultados escolares para a criança. Se não aprende é porque está cheia de problemas, é hiperativa, dislexa, é agressiva, tem TDHA e etc.

            Como solução para esses “problemas” os educadores acabam encaminhando esses alunos para profissionais da área da saúde, que na maioria das vezes, começam o tratamento medicamentoso com a criança. Isso está tão evidente em nossa realidade, que o Brasil hoje é o segundo maior consumidor de Ritalina do mundo. Outro nome de uma medicação muito usada é “Concerta”... CONCERTA! Ambos são medicamentos controlados, que tem como objetivo uma “mudança de comportamento”; tanto que são conhecidas como drogas da obediência.

            Assim, em nenhum momento, pensa-se na responsabilidade da escola e da prática do professor e em qual é a qualidade do ensino que se está oferecendo. Será que o aluno não aprende porque sofre de algum transtorno ou é porque não está sendo devidamente motivada?

            Não que estejamos aqui, querendo negar a existência de problemas relacionados à essas naturezas (biológica, comportamental, psicológica, etc), mas se analisarmos os conceitos usados no diagnóstico do TDAH, por exemplo,  é difícil que alguma criança não se enquadre no quadro.
Vejamos alguns:
·         Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ela
·         Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
·         Distraí-se com estímulos externos
·         Sai do lugar em sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado
·         Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma
·         Tem dificuldade em esperar sua vez



     Como temos visto em nossos estudos, nas diferentes disciplinas do curso de Pedagogia, é hora de mudarmos a escola, questionarmos a escola e transformarmos a escola, não transferindo a culpa pelo fracasso escolar somente aos alunos, mas assumindo a nossa parcela de culpa nesse processo.

Gostaríamos de deixar uma musica de Chico Buarque de Holanda, para reflexão sobre a questão de procurarmos “problemas” em nossos alunos e acabarmos “encontrando” esses problemas:

Ciranda da Bailarina
       
Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de Bexiga ou vacina

E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Verruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem

Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem

Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir,
Medo de cair,
Medo de vertigem
Quem não tem

Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem

O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem

Procurando bem
Todo mundo tem

Para quem quiser ouvira a música, que é lin-da, aqui está um link do youtubehttp://www.youtube.com/watch?v=9QrNESnMsZQ



Referências:

Fontes da internet:
Livros: 
CECCON, Claudius ET al. A Vida na Escola e a Escola da Vida. 1992- Ed.Vozes
Módulo da Disciplina Psicologia da Educação. UNIFACS. 2º semestre.2013
PORTO,Olívia – Psicopedagogia Institucional. 2006- Ed.Wak

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